segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Lorena Colombo

Este, Senhor, que fiz leve instrumento 
Para pesar o sol a qualquer hora, 
Dedico a aquele Sol, a cuja aurora 
Já destinam dous mundos rendimento. 


Desta minha humildade, e desalento, 
Que a sua quarta esfera não ignora, 
subindo a oitavo céu, pertende agora 
A estrela achar no vosso firmamento. 


Eu, que outro sol no seu zenith pondero 
Aos do Nascido Soberanos Raios, 
Pesando-me eu a mim me desespero. 


Mas vós, Águia Real, esses ensaios 
Entre os vossos levai, pois considero, 
Que nunca em tanta sombra houve desmaios.

                 (Gregório de Matos)

3 comentários:

  1. O poema faz claras referências à dualidade de dia e noite, céu e terra, e também ao desespero da vida humana.
    Odara

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  2. Gregório de Matos foi um dos principais autores do período, e utilizava de diversos aspectos do mesmo, como a antítese, jogo de palavras e linguagem rebuscada, que podem ser notados no poema.

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  3. Muito bom o poema! Gregório de Matos era um cara que realmente sabia como jogar com as palavras e construir obras tão belas.

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